Terra

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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Métodos da estratigrafia - Magnetostratigrafia

Os métodos da estratigrafia classificam-se em paleontológicos, químicos e físicos. Quando aplicados ao estudo das rochas, estes métodos permitem o estabelecimento de correlações entre unidades estratigráficas e é essa a sua maior vantagem, todavia as suas aplicações não ficam por aqui. Eles também são usados para conhecer e descrever as rochas de um determinado local.

O método que escolhi desenvolver é a magnetostratigrafia


1- Pressupostos e características
A existência do campo magnético terrestre era já conhecida desde os séculos XV e XVI, especialmente pelas observações dos navegadores portugueses e espanhóis nas suas viagens através da utilização da bússola.
Quando a estratigrafia se começou a impor como ciência e as rochas começaram a ser estudadas mais profundamente descobriu-se o “magnetismo remanescente” que mais não é que um magnetismo "fóssil" registado em minerais magnéticos e cuja polaridade indica a orientação do campo magnético terrestre aquando da cristalização ou recristalização destes minerais (ígneos ou metamórficos) Também pode ser registado em sedimentos com partículas de minerais magnéticos, como a magnetite, que ao depositar-se se dispõe segundo as linhas de fluxo magnético terrestre da altura.
Foi ao estudar o magnetismo remanescente nestes minerais magnéticos em rochas de diferentes idades (paleomagnetismo) que surgiram as primeiras evidências de que o campo magnético havia variado ao longo do tempo geológico. Estas variações podem ser de apenas alguns graus, ou então completas “inversões” em que a polaridade do campo magnético é invertida. Chamamos “polaridade normal” à disposição actual dos pólos magnéticos, em que as linhas de fluxo do campo magnético vão desde o pólo sul magnético até ao pólo norte magnético. Já a “polaridade inversa” é justamente o contrário. Os fluxos invertem e dirigem-se desde o pólo norte magnético até ao pólo sul magnético.




Estes conhecimentos levaram à criação da escala magnetocronostratigráfica e ao estabelecimento da magnetostratigrafia como ciência independente e como método de correlação bastante importante.


2- Técnicas utilizadas
As rochas normalmente apresentam uma segunda magnetização, muito mais recente que a magnetização remanescente original, e que é imposta pelo campo magnético actual. Ocorre principalmente devido a modificações durante a meteorização superficial das rochas. Para medir correctamente a magnetização remanescente é necessário desmagnetizar parcialmente a rocha de modo a retirar esta segunda magnetização e evitar erros.
É possível medir a magnetização das rochas, no entanto este é um processo laborioso e delicado em que é necessário tomar muitas precauções. O que se faz é tentar medir a orientação preferencial dos minerais magnéticos mas na posição original da rocha (normalmente horizontal, sem sofrer deformações), expressando essa posição em coordenadas geográficas.
No início é necessário colher uma amostra. O caso mais simples é a recolha de amostras no campo com o martelo de geólogo. Todavia há que ter em conta alguns pormenores, por exemplo a amostra tem de ser um troço de um estrato bem formado e tem de ter dimensões de cerca de 15x10x10.
O processo de medição da magnetização compreende 3 fases:
1ª fase: Desmagnetização – Pretende retirar as magnetizações subsequentes à magnetização original de modo a que os minerais fiquem apenas com a orientação do campo magnético original
2ª fase: Esta fase consiste na medição da orientação dos minerais magnéticos.
3ª fase: Esta é a fase em que os dados obtidos, resultante das amostras de cada localidade são submetidos a um tratamento estatístico, indispensável para tornar os resultados mais fiáveis.



3 - Aplicação na estratigrafia
Em primeiro lugar há que indicar que este método implica o conhecimento das secções magnetostratigráficas numa sequência, ou seja, os diferentes intervalos de rocha que apresentam polaridade normal ou inversa. Podem usar-se estas inversões de polaridade como um excelente critério de correlação, pois elas ocorrem simultaneamente por toda a terra, o que quer dizer que as rochas formadas nessas alturas têm a mesma polaridade independentemente da sua distribuição geográfica.
A partir desta excelente característica vemos que é fácil correlacionar materiais marinhos com continentais, o que não ocorre com outros métodos, que apenas permitem efectuar estas correlações separadamente.
No entanto este método está longe de ser perfeito, pois possui importantes limitações, sendo a mais importante, a necessidade de se usar este método em conjunto com outros, já que por si só a magnetostratigrafia não pode ser utilizada ao seu nível máximo. Quando se delimitam os intervalos de polaridade normal e inversa numa secção estratigráfica, todos eles são idênticos e não existe nenhum critério que permita assegurar que um intervalo concreto corresponde a outro igualmente concreto de outra secção estratigráfica. É necessário algum critério que permita estabelecer uma correlação inicial entre as duas secções estratigráficas, e é por isso que a biostratigrafia (biozonas) ou a litostratigrafia (unidades litostratigráficas) são usadas em conjunto com a magnetostratigrafia (unidades de polaridade) de modo a estabelecer estas correlações.



Referências bibliográficas:

Torres, J. A. V. 1994, Estratigrafia, Princípios y métodos, Editorial Rueda, S.L.,Madrid

sábado, 6 de dezembro de 2008

Fósseis e fossilização

Fósseis são os restos materiais de antigos organismos ou as manifestações da sua actividade, que ficaram mais ou menos bem conservados nas rochas sedimentares (quase não se encontram nas rochas ígneas ou metamórficas), ou noutros materiais como gelo ou âmbar.



A primeira utilização dos fósseis como critério de correlação de secções estratigráficas data dos últimos anos do séc XVII por Smith. O início da bioestratigrafia moderna deve-se em grande parte a este autor e a sua primeira grande utilização prática foi a enunciação do "princípio da sucessão faunística."

Fóssil de uma trilobite, uma forma de vida que apareceu pela primeira vez no paleozóico (câmbrico). Original em:http://interesses-jm.blogspot.com/2008_04_01_archive.html




















Os fósseis característicos ou estratigráficos (ver "datação relativa e datação radiométrica") que têm maior expressão nos diferentes intervalos de tempo correspondem a diferentes táxones. Alguns podem ter grande expressão e interesse num determinado intervalo de tempo e ter escassp interesse noutro. Por exemplo no paleozóico inferior os melhores fósseis característicos são as trilobites enquanto que no superior estes são substituídos pelos Braquiópodes e Foraminíferos.

Os fósseis podem ser divididos em:
  • Holótipos - Exemplares típicos de uma espécie.
  • Paratipos - Exemplares com algumas modificações em relação ao holótipo.
  • Neótipos - São definidos quando o holótipo se perde.
A fossilização é o processo que dá origem aos fósseis. Os compostos orgânicos que constituem o organismo morto são substituídos por outros mais estáveis nas novas condições. Estes podem ser calcite, sílica, pirite, carbono, entre outros. Todavia os processos de fossilização dependem da matéria que fica enriquecida no fóssil.

Processos físicos que dificultam a fossilização:
  • Desarticulação (nos esqueletos)
  • Fragmentação (por transporte/erosão)
  • Abrasão
  • Bioperfuração
  • Dissolução
  • Achatamento

Zonas favoráveis à fossilização:

  • Plataformas carbonatadas
  • Zonas de condensação
  • Rios (zonas de meandro)
  • Pântanos
  • Taludes (bioacumulações secundárias de fósseis)
  • Âmbar

Referências bibliográficas:

Torres, J. A. V. 1994, Estratigrafia, Princípios y métodos, Editorial Rueda, S.L.,Madrid

"Iniciação à paleontologia e à história da terra" - http://fossil.uc.pt