Terra

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sábado, 4 de outubro de 2008

Estratificação e estruturas sedimentares

Já foi vista a definição de estratigrafia, os seus objectivos e todas as suas implicações, mas afinal de contas o que é realmente um estrato ou uma sequência estratigráfica, o objecto de estudo da estratigrafia?






A estratificação corresponde ao aspecto que as rochas sedimentares normalmente apresentam após sofrerem os processos diagenéticos. Os sedimenos depositam-se na amior parte dos casos horizontalmente (caso da estratificação planar) em bacias sedimentares, uns sobre os outros formando camadas paralelas. Os processos diagenéticos transformam estes sedimentos soltos em rochas sedimentares consolidadas estratificadas. Assim um estrato é uma camada paralela delimitada por um tecto(limite inferior do estrato superior) e um muro (limite superior do estrato inferior) com uma granulometria e composição química própria que indica uma superfície deposicional.
Os estratos podem ser delgados, com espessura na ordem dos cm e mm ou pelo contrário podem possuir uma espessura de muitos metros.



  • Lâminas - estratos com espessura <1cm
finas: 10mm - 0.5mm
espessas: 0.5mm - 1cm

  • Camadas - estratos com espessura > 1cm

finas: 1-10cm
média: 10-30cm
espessas: 30cm-1m
muito espessas: > 1m





Estratificação planar numa sequência de margas e calcários margosos do Jurássico.
Local: Cabo Mondego, Figueira da Foz.













Todavia a estratificação planar não é a única forma de os materias de origem sedimentar se apresentarem à superfície da terra. Chamamos Estruturas sedimentares à estratificação e a todas as outras superfícies formadas durante a deposição que as rochas sedimentares podem apresentar.

  • Estratificação Cruzada - Consiste em conjuntos de material estratificado, depositado pela água ou pelo vento, nos quais as lâminas estão dispostas com ângulos de até 35º em relação àhorizontal. As rochas que apresentam esta estrutura sedimentar normalmente têm um aspecto complexo resultado das rápidas mudanças de direcção do agente de transporte. Bastante comum em arenitos.






Esquema ilustrativo da estratificação cruzada. clique para ampliar














Estratificação cruzada em arenito. Caso particular do vento. Bryce Canyon National Park, UT







  • Granoselecção - É muito comum em sedimentos do talude marinho profundo depositados pelas correntes turbidíticas. Na granoselecção cada camada evolui desde grãos grossos na base até grãos finos no topo, indicando uma diminuição de intensidade da corrente que depositou os grãos ( à medida que a força diminui a corrente deixa de conseguir transportar grãos mais grossos). Um caso particular da granoselecção aparece quando ocorre uma transgressão marinha ou regressão marinha. Imaginemos uma zona plataforma interna, um ambiente marinho pouco profundo. Nesta zona é provável que apareçam grãos grossos como calhaus e seixos pois os cursos de água e correntes têm força para os transportar a curtas distâncias. Quando ocorre a transgressão este ambiente passa a ambiente marinho profundo onde se deposita material da granulometria das areias e siltes. A sucessão sedimentar resultante é nem mais nem menos que uma granoselecção com calhaus e seixos em baixo, gradualmente diminuindo a granulometria até às areias e siltes. O contrário também acontece numa regressão marinha, ficando os grãos mais finos em baixo e os mais grossos por cima.


  • Bioturbações - Muitas vezes nas rochas sedimentares a estratificação encontra-se quebrada por tubos aproximadamente cilíndricos de poucos centímetros de diâmetro, que se estendem verticalmente ao longo de muitas camadas. Estas estruturas são remanescentes de furos e túneis escavados por moluscos, vermes e muitos outros organismos marinhos que vivem no fundo do mar. Estas estruturas são também um critério muito importante no estuda do polaridade das rochas em que se encontram.




Estruturas de bioturbação descobertas no leito
marinho a 6m de profundidade. Provavelmente
resultantes da actividade de pequenos crustáceos
(www.sheppeyfossils.com/images/)









  • Ripples - Pequenas formas onduladas de perfil simétrico ou assimétrico que ocorrem em areias finas, sujeitas a corrente s de tracção unidireccionais, por exemplo, cursos de água. Ripplessimétricos são geralmente formados pela ondulação, já os assimétricos são geralmente formados pelo vento ou correntes. A maioria tem um ou dois cms de altura e são separadas por depressões amplas. São comuns nos ambientes costeiros modernos e fósseis, nas margens de lagos e no mar. Dão-nos indicação sobre o ambiente de deposição, profundidade da água, direcção de correntes e orientação de antigas costas.






Ripples em arenito ( Pensilvânia)
















Ripples em areia ao longo de uma praia









Referências bibliográficas

Press, F ; Siever, R ; Grotzinger, J ; Jordan, T (2006) - Para entender a terra (4ª ed) - Porto Alegre: Bookman 2006

4 comentários:

Anônimo disse...

wow que fotografias fixes :)

Anônimo disse...

Obrigada por estes apontamentos e comentários, estão a ajudar-me no estudo da Geologia de Portugal.

Unknown disse...

Obrigada muito claro a explicação. Em estudos geológicos as vezes as definições dadas em livros são complexas.

Anônimo disse...

Ola!! sou estudante de geologia, e estou atualmente no 2 ano. estas definicoes estão a ser uteis para o estudo da estratigrafia, no entanto precisava de mais :D será que podia fazer um post sobre as estruturas sedimentares todas? (singeneticas primarias, singeneticas penecontemporaneas, e epigenicas?)

Muito bom!! e já recomendei o site!!